quarta-feira, 13 de abril de 2011

Poeta: Vinícius de Moraes - Livro de Sonetos - Soneto de Montevidéu

Não te rias de mim, que as minhas lágrimas
São para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais.

Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvaias.

Não me ocultes jamais teu rosto: dize-me
Sempre esse manso adeus de quem aguarda
Um novo manso adeus que nunca tarda

Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, anjo-da-guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.

Montevidéu, 1959

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