quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poeta: Augusto dos Anjos - Soneto

Ao meu primeiro filho nascidomorto com 7 meses incompletos.

2 fevereiro 1911.


Agregado infeliz de sangue e cal,

Fruto rubro de carne agonizante,

Filho da grande força fecundante

De minha brônzea trama neuronial,


Que poder embriológico fatal

Destruiu, com a sinergia de um gigante,

Em tua morfogênese de infante

A minha morfogênese ancestral?!


Porção de minha plásmica substância,

Em que lugar irás passar a infância,

Tragicamente anônimo, a feder?!


Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,

Panteisticamente dissolvido

Na noumenalidade do NÃO SER!

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