segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Poeta: Vinícius de Moraes - Livro de Sonetos - Soneto de Agosto

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brandos
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E enchi rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil
E para glória do teu ser mais franco

Quisera que te vissem, como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

 Oxford, 1938

Nenhum comentário:

Postar um comentário