segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Poeta: Vinícius de Moraes - Livro de Sonetos - Soneto de Carnaval

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura
Todos o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

Oxford, carnaval de 1939

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