sexta-feira, 22 de abril de 2011

Conto - Ana Guimaraens - A bossa do vovô

     Semana passada, morreu o avô do Caco. Apesar do Guri não conhecê-lo, este fato o fez pensar na sua própria família. Ele é um menino arteiro como todos da sua idade, gosta de jogar bola, brincar, ler e fazer travessuras.
     O seu pai é muito correto e trabalhador, não costuma dizer bobagens e, em casa, somente a sua mulher é capaz de fazê-lo rir. Às vezes, joga bola com os amigos e chega alegre, depois de uma boa quantidade de cervejas, mais vai direto para a cama e no outro dia não fala nada a respeito.
     Seu avô é faceiro, bem-humorado e brincalhão. Adora contar histórias engraçadas. Enviuvou há mais de dez anos, mais nem por isto deixa de frequentar os bailes da terceira idade, onde sempre arruma alguma namorada. nada sério, pois ele diz que o negócio dele é só ficar. Na rua, não se intimida em olhar as pernas e bunda das mulheres, claro que não comenta nada, pois é um cavalheiro. Apenas envergonha um pouco o neto e o filho, às vezes os dois juntos, pois sutileza não é a sua especialidade.
     A grande questão do Guri é saber que, se um é pai do outro, provavelmente cada um está numa etapa diferente da vida. Desta maneira, primeiro tem a fase de meninos arteiros, depois de homens sérios e, finalmente de velhos safados. Mas, apesar de ter alguma preocupação quanto a tornar-se um homem, uma coisa lhe serve de consolo - seguramente, o avô é o mais feliz de todos.

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