terça-feira, 12 de abril de 2011

Poeta: Vinícius de Moraes - Livro de Sonetos - Máscara Mortuária de Graciliano Ramos

Feito só, sua máscara paterna
Sua máscara tosca, de acridoce
Feição, sua máscara austerizou-se
Numa preclara decisão eterna.

Feito só, feito pó, desencantou-se
Nele o íntimo arcanjo, a chama interna
Da paixão em que sempre se queimou
De seu duro corpo que ora longe inverna.

Feito pó, feito pólen, feito fibra
Feito pedra, feito o que é morto e vibra
Sua máscara enxuta de homem forte

Isto revela em seu silêncio à escuta:
Numa severa afirmação da luta
Uma impassível negação da morte.

Rio, março, 1953

Nenhum comentário:

Postar um comentário