domingo, 10 de abril de 2011

Poeta: Vinícius de Moraes - Livro de Sonetos - Soneto a Florença

Florença... que serenidade imensa
Nos teus campos remotos,  de onde surgem
Em tons de terracota e de ferrugem
Torres, cúpulas, claustros: renascença

Das coisas que passaram  mas que urgem...
Como em teu seio pareceu-me densa
A selva oscura onde silêncio rugem
No meio do caminho da descrença...

Que tristes sombras nos teus céus toscanos
Onde, em meu crime e meu remorso humanos
Julguei ver, na colina apascentada

Na forma de um cipreste impressionante
O grande vulto secular de dante
Chorando a morte da mulher amada...

Rio, janeiro, 1953

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